Amelie era uma garota sombriamente amarga. Seus sonhos eram
apunhalados assim que começavam a surgir. Sua voz era duramente sufocada por
seus gritos abafados. Sua vida era sempre uma calmaria angustiante. Um amor
sonoro, sórdido a ponto de parecer perfeito. Havia também uma personalidade
reprimida em páginas amareladas. Eram apenas seus livros, companheiros
insolentemente maravilhosos.
Sua vida era hipotética. Duvidosa a ponto de parecer
sensata. Não havia nada determinado, mera e doce ilusão. Havia dois garotos. Eles causavam angustia e um clichê sôfrego.
Por um lado, havia o comodismo despreocupado. Por outro, o medo avassalador e a
emoção acompanhada. Amelie não fazia nada, o meio termo a tornava fraca. Inutilidade.
E mais uma vez ela apunhalou seus sonhos, sufocou sua voz
com seus próprios gritos e duplicou a dose de amargura em seu coração. O amor
se tornou duplamente sonoro, quase um eco audível apenas aos seus ouvidos. O
medo, a emoção, o clichê sofregamente rotulado permaneceu em sua vida. E Amelie
continuava deixando o meio termo torna-la fraca.
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